
A participação dos artistas locais no Festival de Inverno de Campina Grande (FICG) ressalta a força da arte paraibana e sua capacidade de promover valorização cultural e intercâmbio artístico. Campina Grande, conhecida como a “Rainha da Borborema”, é um dos maiores polos culturais do Nordeste, abrigando tradições como o São João e o próprio Festival de Inverno, além de iniciativas como o Edital Biliu de Campina, que estimulam a diversidade e a produção cultural.
Entre os dias 14 e 24 de agosto, o FICG oferece ao público, de forma gratuita, uma ampla programação artística em clima especial. A cidade se transforma em palco central da cultura paraibana, atraindo visitantes e destacando-se como celeiro de talentos. O festival, realizado em pleno inverno com um clima ameno para os padrões nordestinos, convida a população a sair de casa para vivenciar música, teatro, dança e outras expressões artísticas.
A cantora Gitana Pimentel compartilhou sua experiência no evento, que, segundo ela, é um divisor de águas: “Não tem como você passar pelo festival, seja como público ou como artista, e não sair transformado. É muita coisa incrível acontecendo, muita música, teatro, dança, e tudo de graça. Isso vira uma chavinha na vida da gente”, afirmou.

Para Gitana, participar do FICG é sinônimo de reconhecimento da arte que demonstra seu impacto cultural: “Estar no festival vem com muita coisa. Você é especial, você é importante e você merece estar nesse palco”, destacou, ressaltando o impacto cultural e social do evento na valorização dos artistas locais.
A história do festival remonta à década de 1970, idealizado pela professora e produtora cultural Eneida Agra Maracajá, que junto com artistas locais, construiu um legado mais antigo que o próprio São João, evento que hoje marca a identidade da cidade. Sua contribuição ajudou a consolidar o FICG como referência de resistência e continuidade cultural.
“Esse festival é prova da resistência e da força da nossa cidade. É o reconhecimento de Campina não apenas na Paraíba, mas também no Nordeste e em todo o Brasil como uma cidade que respira arte e cultura”, declarou André Gomes, secretário de Cultura de Campina Grande.
A relevância do festival também foi destacada por Raniere Travassos, coordenador da Mostra Nacional de Música, que reforçou o compromisso com os artistas locais: “O Festival tem buscado valorizar os artistas da nossa região, principalmente os de Campina Grande. A ideia é sempre trazer para perto os talentos da casa. Foi bastante difícil fazer a seleção, porque recebemos mais de cem inscrições e tivemos que escolher apenas vinte e sete artistas. Isso por si só já mostra a riqueza e a força da nossa cena cultural.”

Apesar da grandiosidade, a organização enfrenta desafios práticos. Mudanças de agenda, imprevistos e até o clima impactam a programação. Ao falar sobre o assunto, o coodenador Raniere destacou, entre as consequências, o atraso na apresentação de alguns artistas, como ocorreu na programação desta edição, face às chuvas registradas na cidade nos últimos dias.
Para ele, a diversidade é um dos pilares do 50º do FICG, que reúne artistas de várias cidades da Paraíba, como Gitana Pimentel, Val Donato e Emerson Uray, além de bandas de rock campinenses que ganham espaço na programação. A entrada livre e gratuita reforça o caráter democrático do festival.
E desta maneira, o FICG segue se consolidando como um evento cultural e ao mesmo tempo, monumento vivo da resistência da arte paraibana. Com meio século de história e em processo de reconhecimento como Patrimônio Imaterial da Paraíba, o festival reafirma Campina Grande não apenas como a capital do maior São João do mundo, mas como um farol permanente de criação artística no Nordeste brasileiro.
Repórter Educom
Texto: Manuel Messias
Fotos: Clara Santos
Foto de capa: Rondinelle de Paula
Edição de texto: Rosildo Brito; Hermano Junior